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O reencontro (Por Ivon Luiz Pinto)

Deitado em meu leito, olhando o teto vazio com olhos cansados, eu meditava no perfume que foi embora e na voz que se calou e de onde emanava a felicidade de ser amor confidente. Recordava que havia em seu olhar uma luz doce e ardente como a estrela que brinca de piscar no céu de nossa chácara. A sua ausência tortura-me, mas seu pensamento continua comigo. A cada manhã, nosso amor despertava com a força serena das bênçãos de Deus e nada e ninguém poderia matá-lo.

A cada instante, sob a forma de um raio de luz ou de um vento calmo que se levanta para os confins dos tempos, a sua essência está junto de mim abençoando a saudade e curando o coração.
Eu reencontrei, com emoção, a chácara querida. Como foram gostosos os passeios ao lado da Rita! Como breve foram os anos passados juntos!

Recordei cada uma de suas palavras, cada um de seus olhares. Mas ela partiu pelos belos caminhos do céu e eu fiquei só em uma chácara maravilhosa. Visitei a Gruta de Nossa Senhora, onde ela gostava de colocar as flores colhidas no Jardim e a Capela ornamentada com os enfeites que sua mão delicada produziu especialmente para aquele local. Meu olhar, turvo pela saudade, passeou pelas castanheiras preferidas por ela, pelas jabuticabeiras e pelas pereiras que ela mesma plantou. Minha vista demorou mais no Orquidário. Eu a vi com a sua roupa vermelha, passeando em meio às orquídeas, colocando adubo, conversando com elas e cantando alegre os cantos de amor.

De repente, já não era mais imaginação e nem sonho. Era realidade! Ela estava ali! Transportada pela força do amor. E senti-me abençoado, contemplando a vida que não morreu pois, onde quer que eu esteja, ela estará sempre comigo, porque nosso amor é tão forte que nem a morte o destruirá. O amor que dedicávamos um ao outro ultrapassava muito a união de corpos e formávamos um único ser. Esse amor é o sopro da vida, reinando para sempre no meu coração com o sorriso do mistério. Amor que alimenta a eternidade como quem é capaz de tocar vários instrumentos e criar novas melodias com as mesmas notas da eternidade.

Hoje, participo de um silêncio que, no coração, tem o sabor do céu.

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