O poeta Manuel Bandeira nos conta num de seus poemas que existe um lugar chamado Pasárgada que mais se parece com um paraíso vivido aqui mesmo na terra. Segundo ele, “lá existe alcalóide à vontade’’ e “mulheres bonitas para namorar”. O poeta não tinha dúvidas sobre o seu fim: ir embora para Pasárgada.
Da ficção para a realidade, existe um país muito parecido com o paraíso imaginado pelo poeta pernambucano. Esse país é a Noruega. Os números revelam que, naquele pedaço de mundo, as pessoas sabem o que é ser feliz. Prova disso é a posição ocupada por aquela nação no ranking dos 188 países integrantes da Organização das Nações Unidas. Neste, a Noruega é a primeira colocada no índice que mensura a qualidade de vida — o de Desenvolvimento Humano.
Com seus cinco milhões de habitantes e renda per capita anual de 220 mil reais, os serviços de saúde de excelente qualidade ajudam a fazer do norueguês um povo feliz. A riqueza advinda do petróleo foi usada, não para enriquecer alguns ditadores de certos países da América Latina e África (como a Noruega, igualmente ricos em petróleo), mas para fomentar políticas em prol da equidade de oportunidades.
Do ponto de vista fiscal, o país é socialmente justo, pois cobra um por cento do patrimônio líquido de cada um de seus cidadãos, maiores de 17 anos. Além disso, a educação focada na criatividade e na constante reinvenção, reflete no desempenho dos alunos noruegueses nas inúmeras competições internacionais pelo mundo afora.
Mais: o país está entre os 20 nos quais os estudantes melhor resolvem problemas em grupo. A educação norueguesa está preocupada com o aprendizado da matéria. Para os educadores noruegueses, o aluno não pode ter o seu desempenho acadêmico avaliado tendo-se só a nota como parâmetro de sucesso. Mais do que isso, o aprendizado e o trabalho em grupo potencializam, com maior eficiência, as habilidades criativas.
A família é algo muito importante na vida de todos os noruegueses, Entre os mais ricos, é comum os pais transferirem o patrimônio entre seus filhos. Certamente é por essa razão que, na Noruega, estão os mais jovens bilionários do planeta.
É o caso de Alexandra Andersen (21 anos) e de sua irmã, Katharina, um ano mais velha. Elas se tornaram as mais jovens bilionárias do mundo pelo fato do pai delas, Johan Andresen, ter transferido para cada uma 42,2 por cento da companhia quando a caçula tinha 10 anos. Resultado: as jovens bilionárias detêm, cada uma, o fabuloso patrimônio de 3,95 bilhões de reais. Concluindo, se a função maior dos governos é, através de suas políticas públicas, tornarem os seus cidadãos felizes, a Noruega, como a Pasárgada de Manuel Bandeira, é esse lugar.
Salatiel Soares Correia é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outros livros, Cheiro de Biblioteca.
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