“Venha para o mundo de Marlboro! O lugar onde os homens se encontram!” – cansei de ouvir esta locução ao som de uma música country, nos comerciais de cigarro nos anos 90. Mas por que é que eu me lembrei disso? Minha intenção não era falar de cigarro! Hoje eu quero falar dos velhos tempos do D.A. Inatel! Tempo bom!!! Cof! Cof! Cof!
Quem passou a juventude em Santa Rita do Sapucaí, nos anos 90, com certeza bateu cartão no glorioso D.A. Inatel. Se hoje caminhamos pela faculdade e encontramos certo equilíbrio, nem imagina o que era viver em um mundo sem internet, Tinder ou “Tampa da sua Panela” e ter que conhecer uma menina em um lugar que tinha de tudo, menos mulher.
“Dez homens para cada macho”, “Mundo de Marlboro”, “300 de Sparta”… já ouvi de tudo. O fato é que carnaval e festa de Santa Rita sempre quebraram tudo que era bar. Galera perdia o hábito de frequentar uma ou outra casa da moda e era preciso fechar as portas na estação seguinte. Como os alunos da faculdade não pagavam para entrar e havia um convênio com a ETE, a única casa noturna que sobrevivia era o D.A. Inatel.
A molecada reclamava mas não perdia um final de semana. Certa vez ouvi de um grande amigo que gostava tanto de estudar que fez a faculdade em 10 anos: “Se algum dia eu morrer e for para o inferno, tenho certeza que vão me trancar no D.A. e vou ver o Messias (segurança da casa) cobrindo a entrada de tijolos. De fato, o ambiente era sombrio… as paredes todas pintadas de preto, todo mundo fumando (naquele tempo era bonito), um som abafado para não incomodar o Doutor Caponi e homem que não acabava mais.
As melhores bandas da região passaram pelo D.A. naqueles tempos. Estado Maior, Assassinato em Veneza, Raio X, Toque de Midas, Fator RG7, Luxúria, Quem não cola não sai da Escola… neste quesito ninguém reclamava. E tinha noite da espuma com piso escorregadio e gente se escorando nas paredes… e tinha Miss Bicho com um bando de homem produzindo ilusão de ótica na multidão… e tinha muita diversão de uma galera que virava as noites na gandaia e tinha que enfrentar as temidas aulas do professor Justino na manhã seguinte (Cochilou, o cachimbo cai…).
Estive há muitos anos no D.A. e a realidade parecia bem diferente da década anterior. Notei um equilíbrio aceitável entre homens e mulheres, não havia o fumacê dos cigarros, as paredes estavam branquinhas e tudo pareceu mais limpo.
Escrevendo este texto me bateu a curiosidade de saber como anda o D.A. hoje em dia. Será que continua tão concorrido quanto nos anos 90? Com as facilidades digitais, o pessoal parece não ligar muito para baladas, né? As coisas mudam… Foi-se o tempo em que, para conhecer alguém, era preciso ter cara de pau e disposição para levar toco. Binárias mandam lembranças.
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