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O legado de Izanor

A trajetória de trabalho e conquistas do estimado contador

O céu azul indicava que a noite seria das mais frias quando chegamos, no final do expediente de uma quarta-feira, para conhecer um pouco da vida de nosso homenageado. Já tínhamos ouvido histórias desse santa-ritense nascido na vizinha Bela Vista, mas não sabíamos que sua vida de batalhas e conquistas havia servido de exemplo para tanta gente.

Descendente dos Chiarini de Pouso Alegre e dos Paiva que habitam o outro lado do Paredão, Izanor teve uma infância inquieta e agitada. De tão elétrico que era, seu pai o colocava em um barril, na entrada do armazém, quando precisava fazer as compras do mês. Foi assim até a juventude e, por bem pouco, não virou padre. Esteve quatro anos no Seminário e chegou a usar batina. Certa vez, enquanto caminhava nas redondezas da Estação Affonso Penna, viu uma garotinha que caminhava vestida de freirinha, para as festividades do centenário da Santa organizado por D. Sinhá, e ele achou graça naquilo. Mal sabia que, anos mais tarde, aquela seria sua esposa. A história foi que, em uma festa junina promovida na Praça Delfim Moreira, em frente à pensão de Dona Maria, Izanor conheceu Elizabeth, com quem se casaria em seguida.

Izanor havia estudado contabilidade na Escola de Comércio e, anos mais tarde, montou um escritório com Zequinha, irmão do Picolé. Um trágico acidente com o Zequinha, entretanto, colocaria fim à promissora sociedade e obrigaria o incipiente contador a partir em carreira solo. O expediente era cansativo. Havia muito trabalho e pouco lucro.

Com o amparo da esposa, Izanor prosperou, teve quatro filhos e ainda encontrou tempo para cursar advocacia. Apesar disso, nunca exerceu a profissão. O conhecimento da justiça, no entanto, o ajudou a exercer outra vocação que trouxe dos tempos de Seminário. Todos os dias, era procurado para dar conselhos e falar sobre a vida.

Os anos proporcionaram ao contador uma ampla experiência profissional, aliada ao interesse em trabalhar pela municipalidade. Nas horas vagas, chegou a presidir o Country Clube, a Associação Comercial, candidatou-se a vice-prefeito e ajudou a criar a primeira unidade do SCPC em Santa Rita. Em seu tempo livre, com sua esposa e filhos, criava cães, ajudava quem encontrasse pelo caminho e construiu um apiário no fundo de seu quintal. Com todas as iniciativas que empreendia, nos finais de semana queria descansar com esposa e filhos (Breno, Emerson, Leandro e Letícia) e não dispensava um bom churrasco. Foi num desses eventos em sua residência que os familiares estranharam quando o viram sambar, freneticamente, balançando as mãos agarrado em um varal. Só depois de algum tempo perceberam que Izanor havia se enroscado na iluminação de natal e estava sendo submetido a uma descarga elétrica que o fazia tremer. Passado o susto, o contador se recompôs e tudo voltou ao normal.

Com uma vida de trabalho e dedicação às pessoas, atuou mesmo depois que descobriu, em 11/97, que havia sido acometido por um câncer, após passar por diversos médicos que não conseguiam diagnosticá-lo. Fez o tratamento por um ano e meio e trabalhou durante todo esse tempo. Três dias antes de sua morte, ainda atuava em seu escritório. Seu serviço derradeiro foi a abertura de uma firma para a santa-ritense Carmem Eliseu.
“Ele foi o meu melhor amigo” – relembra Elizabeth, tomada por forte emoção. Com o seu passamento, sua esposa continuou com seu trabalho, sempre com dedicação e competência, até 2011, quando Letícia, a filha caçula, formada e com pós-graduação em Ciências Contábeis, decidiu prosseguir com a empresa que chega aos 44 anos de existência. Com excelência no atendimento aos numerosos clientes que procuram o escritório todos os dias, a Izanor Contabilidade é a terceira empresa local mais longeva em seu segmento. Ainda carrega o nome do estimado profissional que tanto fez por Santa Rita e mantém a qualidade que tornou o estabelecimento tão respeitado na região

(Por Carlos Romero Carneiro)

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