Comecei a interessar-me pelos romances do maior escritor norte-americano do século XX – William Faulkner – no momento em que percebi a admiração que este exercia nos escritos de dois romancistas de minha predileção: o peruano Mario Vargas Llosa e o colombiano Gabriel Garcia Márquez. Tanto um quanto o outro beberam nas águas profundas de Faulkner para conceber seus romances. O imaginário condado de Yoknapatawpha, concebido por Faulkner em suas obras, inspirou Garcia Márquez a criar a Macondo de Cem Anos de Solidão. E o mesmo se pode dizer das narrativas em tempos diferenciados criadas por Vargas Llosa, em sua visão romanceada da Guerra de Canudos.
A literatura de Faulkner se ambienta numa região dos Estados Unidos fomentadora de uma das maiores guerras civis do mundo, que levou o sul escravagista a lutar contra o norte, favorável à abolição da escravatura. No fim desse conflito, a derrota do sul deixou um desastroso custo de 500 mil mortes.
Faulkner nasceu 30 anos depois da guerra. Vivenciou ele a decadência que as amarguras da guerra trouxe para regiões margeadas pelo Rio Mississipi. Quem se dispôs a enfrentar obras-primas desse genial escritor sulista, como O Som e a Fúria, Palmeiras Selvagens e Absalão, Absalão, sabe do que estou falando.
A narrativa dos romances de Faulkner, composta de longos períodos, é um ir e voltar no tempo. Desafia o leitor. O chamado fluxo da consciência, técnica celebrizada pelo escritor do Mississipi, é o reflexo de que ele, também, bebeu nas águas profundas de escritores que muito o influenciaram. Falo do francês Marcel Proust e do irlandês James Joyce, esses dois dos autores que mais influenciaram na obra de Faulkner. A Bíblia e os escritos de Shakespeare eram outros dois livros que acompanhavam o autor sulista fosse onde ele fosse. Pelo conjunto da obra, o prêmio Nobel de 1949 teve nome e sobrenome: Willian Faulkner, um autor eterno porque eternos são seus escritos.
(Salatiel Soares Correia é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, de Cheiro de Biblioteca.)
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