Foto – À esquerda: João Roberto, irmão de Chiquinho. À direita, Chiquinho com sua família.
Nascido no bairro Cafundó, distrito de Careaçu, Antônio Francisco Silvério, o Chiquinho, veio ainda criança para Santa Rita do Sapucaí, onde passou a maior parte da sua vida.
Na juventude, por incentivo do Padre Teixeira, entrou para o Seminário, onde permaneceu por quatro anos, até que uma tragédia mudou a sua trajetória.
Era um domingo. Dois dias depois do natal de 1987. Em companhia dos irmãos, Chiquinho jogava futebol no campo de aviação, debaixo de forte chuva, quando um deles quebrou o braço. Seria preciso esperar o fim da partida para pegarem condução com um caminhão que os traria de volta à cidade. Ainda estava acontecendo outro jogo em que participava João Roberto, seu irmão mais novo.
“Até hoje eu lembro. Estava a uns 70 metros do campinho quando um raio caiu na grande área e umas dez pessoas foram ao chão. Aos poucos, todos foram se levantando, com exceção do João Roberto. Ao tocar o seu corpo, eu senti o calor de sua pele dar lugar ao frio e percebi que ele havia partido. Até hoje este episódio ainda mexe com a gente” – conta Chiquinho.
Ao chegarem ao hospital, um irmão era atendido pelo doutor Jorge, enquanto outro tinha a morte reconhecida no quarto ao lado. Foi de Chiquinho a missão de contar o acontecido à mãe, enquanto seu pai cuidava dos detalhes do sepultamento.
“Foi impressionante. Eu bati à porta, minha mãe atendeu e já perguntou o que tinha acontecido com o João Roberto. Eu fiquei calado e ela indagou: ‘Ele morreu?’ Quando eu confirmei o acontecido ela rolou no chão de desespero. Muito tempo depois, me disse que tinha recebido um sinal, enquanto estava na janela.”
Por muito tempo, Chiquinho sentiu um vazio muito grande. Não sabia o que fazer de sua vida até ser aconselhado pelos padres a dar um tempo com o Seminário. De volta à Santa Rita do Sapucaí, integrou a primeira turma do Conselho Tutelar, começou a trabalhar na Pedrão Imóveis, casou-se com Selma e abrigou os quatro irmãos de sua esposa (Moisés, Edliange, Aldicéia e Ariela). “Tenho muita admiração pelos meus cunhados. Para mim, foi motivo de grande alegria quando vieram morar comigo, ao perderem a mãe.”
A família de Chiquinho aumentou com a chegada das duas filhas. Com muito sacrifício, batalhou para dar conforto a todos eles e nunca se queixou de nada. “Vejo aquele tempo em que trabalhei na Pedrão Imóveis com muito carinho. Foi uma época maravilhosa na minha vida, mas sonhava em ter o meu próprio negócio. Esta profissão é muito concorrida, bem cansativa, mas não tenho grandes ambições. Tudo o que eu quero é sossego e levar uma vida tranquila. Não preciso muito mais do que isso.”
As duas filhas de Chiquinho são seu grande orgulho. Paolla faz ETE e sonha em ser cantora. Letícia faz teatro, estuda no IPE e, como os pais, é muito ligada à religião. “Não se esqueça de citar minha esposa,” – disse o corretor. – “Ela é muito importante em minha vida.”
(Carlos Romero Carneiro)
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