Segundo o historiador Ideal Vieira, o Café foi cultivado pela primeira vez em Santa Rita do Sapucaí por volta de 1870, pelo Sr. Joaquim Cândido Rodrigues, em terras onde hoje está localizada a fazenda Chalé. Quatro anos depois, outro produtor, Francisco Marques Pereira, levaria algumas mudas para a “Fazendinha” e daria início à produção. Em 1876, o café alcançaria as terras da Capituba, pelas mãos do Sr. Joaquim Cândido Carneiro Santiago que se tornaria um importante produtor da região.
Até a chegada da estrada de ferro, em 1894, a produção agrícola local estava baseada na plantação do fumo. A escolha de tal cultura era puramente estratégica. Para transportar a produção até o Rio de Janeiro, no lombo de mulas, era preciso optar por algo que fosse leve e de fácil negociação.
Cinco anos antes do italiano Antônio Rodolfo Adami vir “plantar trilhos” em nossas terras, o grande produtor Francisco Palma já havia iniciado a produção da rubiácea. Mal sabia que, em poucos anos, a sesmaria que herdara na serra do mata-cachorro seria o ponto de partida para que seu genro – Erasmo Cabral – iniciasse uma fortuna que o leva-ria a se tornar um dos maiores barões do café do estado.
Em 1918, os ventos mudaram para os produtores santa-ritenses, em um momento em que havia excesso de produção no país. Uma forte geada destruiu a maior parte das lavouras e apenas um cafeicultor conseguiu escapar dos prejuízos: Francisco Moreira da Costa. Com a escassez de café no mercado, os preços foram às alturas e somente os fazendeiros que produziam nas regiões mais altas conseguiram escapar dos prejuízos. Naquele ano, o Cel. “Chico Moreira”, proprietário da Fazenda Chalé, conseguiu negociar sua produção a preços exorbitantes e se tornou um dos homens mais poderosos do Brasil. Dono de uma aguda visão empreendedora e profunda moral em suas ações, o cafeicultor tornou-se um grande banqueiro e passou a estimular produtores que haviam perdido seus investimentos.
Na década seguinte, tudo voltou ao normal. A cidade progredia, oportunidades brotavam do fértil chão montanhoso e coronéis se enriqueciam rapidamente, convertendo pequenos grãos em casas, propriedades, roupas luxuosas e tudo mais que o dinheiro podia comprar. Na linguagem dos cafeicultores, um “Fordinho” custava 25 sacas. Em torno das fortunas, surgiam os primeiros bancos locais. Diante das oportunidades, empreendedores davam início a grandes riquezas.
Na década de 1920, a região sudeste produzia 60% do café consumido no mundo. Da Serra do Paredão, Erasmo Cabral movimentava uma incrível fortuna e multiplicava vertiginosamente seus bens. De seu armazém, construído nas redondezas da Estação Afonso Penna, partiam centenas de sacas que depois eram exportadas pela Firma Leon Israel Agrícola.
Com a chegada da crise de 1929 – da noite para o dia – milhares de cafeicultores tiveram suas fortunas dizimadas. Como Erasmo Cabral comprava a produção da cidade inteira e revendia no Porto de Santos, sua falência influenciou diretamente grande parte dos produtores.
No auge do pânico e com um profundo senso de responsabilidade, ao perceber que outros produtores seriam prejudicados pela queda nos preços do café – Erasmo procurou o Banco do Brasil para apresentar a descrição de todos os seus bens: a Fazenda do Paredão, a Fazenda Aliança, todo o gado, uma fábrica de manteiga, uma máquina de café, implementos agrícolas, um armazém de café, uma residência na praça Santa Rita e uma mansão que, ao final da construção, seria a moradia final da família Cabral.
Após a crise que varreu a fortuna de milhares de fazendeiros Brasil afora, os cafeicultores encontraram grandes dificuldades, mas o tempo cuidou de reparar as perdas. Com o passar dos anos, surgiram novos produtores, a economia cafeeira se renovou e a união dos produtores rurais, através de uma grande Cooperativa, tornou-se fundamental para o sucesso de todos. Enquanto isso, o vale permanece rodeado pela bonita planta que adorna as montanhas do município e empresta a Santa Rita do Sapucaí uma paisagem especial que só Minas Gerais tem para oferecer.
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Ótimas histórias que deveriam ser contadas nas escolas e inseridas no curriculum escolar. Assim os santarritensezinhos saberiam quem foram e o que fizeram os nobres que dão nome as ruas da cidades.
Ótima matéria!!!