Relendo o Almanaque Cultural Santa-ritense 2, deparei-me com uma foto, na página 79, que levou-me ao passado. Levou-me à minha infância. Uma construção com duas portas e duas janelas simetricamente idênticas, localizada à praça Santa Rita. Uma construção antiga que contrasta, visualmente, com os mais modernos empreendimentos imobiliários de tempos recentes.
Naquela construção, havia o Bar do Júlio: um ponto de referência na cidade. Na época havia, ali, um ponto de ônibus interurbano junto à calçada que, posteriormente, mudou-se para o início da ponte nova. Dentro do bar, havia um balcão e mesas de sinuca ou bilhar onde, frequentemente, amantes desse jogo se faziam presentes. Havia, também, alguns box, ou compartimentos feitos de madeira onde também parecia haver jogos. Quando uma criança chegava perto, logo ouvia: “Sai daí, moleque!” Nesses compartimentos, quando vazios, era possível entrar e saborear petiscos com cerveja.
Mulher não entrava em bar, naquela época, por preconceito social. Quando uma moça queria comprar doces, sorvetes, balas e outras guloseimas, ia à bomboniere do Constantino ou do Andere. Havia, nesses dois comércios, uma boa freguesia de moças e crianças.
Passear pela praça era um costume recreativo. Moços e moças passeavam circulando a praça em sentidos opostos, entre flores perfumadas e ao som de músicas românticas de um aparelho sonoro instalado em cima do cinema. Às vezes, uma banda tocava, do coreto, dobrados e marchas militares. Tudo isso ocorria nas noites amenas.
Havia, junto à parede do bar, cadeiras e caixas de engraxar sapatos, principalmente aos sábados e domingos, à noite. Ali, ficavam, à espera de fregueses, os moleques engraxates. Nunca faltavam fregueses. Quando era época de festa religiosa, o movimento para os engraxates era maior, somando um bom lucro.
Quando foram instalados os telefones fixos na cidade, parece que os primeiros a recebê-los foram o Júlio e o Arnô (que tinha um empório do outro lado da praça). A euforia entre eles foi tanta, que tudo o que eles falavam pelo telefone quem estava sentado no banco da praça ouvia.
O bar, por décadas, fez história. E como toda história, quase tudo passa… Algumas coisas ficam registradas. Outras, se dissipam no tempo e no espaço.
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Havia, se bem me lembro, daquele lado da Praça ( então tratada como " Jardim"), o Bar Trianon , tambem com serviço de alto- falante transmitindo, todas as noites, os ultimos sucessos musicais embalando o " footing" da moçada que desfilava feliz, num vai-e -vem de voltas ao redor
da praça lindamente adornada pelo colorido magico das águas dançantes desta mesma velha e bela fonte- luminosa que ainda resiste - e nem sei como !- até aos tempos de hoje... Bons tempos ! Saudades..