Não faz muito tempo havia em Santa Rita uma espécie de pub que movimentou a cultura local e foi ponto de convergência de quem procurava diversão, cultura e cerveja gelada. Enquanto esteve na ativa, talvez as pessoas não percebessem a importância do local, mas o que se sabe é que, depois que a Aninha vazou para a Inglaterra, um grande vácuo tomou conta da terra do João Onça.
O nome, “Parada Obrigatória”, não era lá tão descolado… Mas a vocação de sua proprietária para reunir as tribos, fomentar movimentos culturais e aglutinar pessoas de interesses nem tão comuns era tamanha, que poderia chamar “Cantinho da Dinéia” que ainda assim seria um sucesso.
Na chopperia que teve início no térreo do Edifício Mendonça, você encontrava música boa e gente bacana o tempo todo. Se não tinha discotecagem, bastava conectar o cabo de som ao celular e rodar a própria playlist. Aninha fazia festa com quem chegava, emendava mesas de pessoas que não se conheciam e agitava mais do que os numerosos fregueses espalhados pela calçada.
As garçonetes também chamavam a atenção. Uma inglesa chamada Shinead e duas australianas, Anne France e Alex Bart, que aterrissaram em Santa Rita para um intercâmbio, davam toque ainda mais interessante ao local.
Confesso que gostava mais do Pub, mas quando o Parada migrou para o velho casarão detrás da capela da Genoveva, foi que as coisas ganharam dimensão. A discotecagem não parou, mas começaram os shows de bandas das redondezas que faziam a cabeça da molecada e enchiam o saco dos vizinhos.
Para deixar o ambiente ainda mais da hora, Aninha contratava artistas para realizarem intervenções enquanto bandas desossavam no palquinho. Uma dessas pinturas, transformou a antiga fachada do casarão e causou polêmica aos conservadores: “Onde já se viu pintar um casarão antigo desses?” Mas a ideia certamente era essa! Tirar a comunidade da zona de conforto, chacoalhar o senso comum, botar os amigos para produzir e manter o espaço em movimento.
No fim das contas, os fregueses acabaram se tornando amigos de Aninha. Em sua folga ou nas festas de fim de ano, as mesmas pessoas que batiam ponto no bar também frequentavam a sua casa, no alto do Vila das Fontes. E, acreditem: as baladas eram tão legais quanto o Parada, com discotecagem, cerveja e um caminhão de pistache.
Não sei se por conta da crise, da reclamação do barulho ou porque se cansou, chegou um momento em que Aninha decidiu fechar o bote. Pouco antes, abriria um restaurante ótimo que funcionaria no almoço, o que lhe conferiu o pseudônimo de Palmirinha e passou a focar mais no público jovem do que no pessoal que procurava o lugar para trocar ideia. O fato é que, depois de alguns anos, percebo o quanto aquela moça doidinha faz falta para Santa Rita e o quanto o “Parada Obrigatória” foi importante para uma quebra de padrões tão comentada hoje em dia. #voltapalmirinha
(Por Carlos Romero Carneiro)
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