Mãos para o alto, novinha! (Por Carmem Teixeira)

Antigamente o “toque de recolher” era às 22 horas. Motivo: Entra menina! Se não o “reio” come. Brincar até tarde na rua era perigoso. Você poderia contrair uma pneumonia pulando elástico descalça, brincando de pega-pega e pique esconde.

Hoje, o toque de recolher das “velhas crianças” continua sendo às 22 horas, motivo: assalto, tiro, facada “porrada e bomba”.

Santa roça, Santa royts, Santa Rits, já é tudo menos Santa Rita, pois não há “oração” que melhore o caos de atualmente. É fácil rezar um rosário, uma novena, 20 Pai Nossos, 200 Ave Marias, difícil é escolher se manda interceder sobre os “homi” de preto com suas “carabinas” que vão atrás dos bandidos, ou se para o meliante que aterroriza a vida de gente inocente.

Que dó… tão inocentes, porém tão pretensiosos!

A culpa é do sistema, claro! Precisamos de alguém para culpar.

Esquecem que atrás de um sistema alguém opera e, pelo jeito, executa “made in tartaruga”, no modo repressivo, aguardando as estatísticas para tomar uma providência, uma solução. Oxi! E não é que esse alguém é gente de carne e osso?! Pois é… deve ser por isso que existem falhas no processo.

Morre um: ah é normal, tudo acontece no tempo de Deus!

Com certeza, é Deus quem não lê a placa de PARE que o sistema inventou; Ele quem colocou no mundo a negligência, a pressa, a estupidez, o desrespeito, a intolerância, etc… Coitado de você, heim Deus?! Nem é a sua “orelha esquerda que queima. É o corpo inteiro”.

Deve ser coisa de país de outro mundo, muito desenvolvido. Daqueles que só têm gênios da matemática, da engenharia da vida, para poder viver-se em segurança.

Para uma cidade que já levou o título do Vale do Silício, os cidadãos caipiras do interior assustam com o barulho da aeronave que o sistema criou. Reclamam da ação dos agentes de preto que o Estado enviou.

Os cidadãos juízes atrás de suas telas não percebem que os “vilarejos” vizinhos estão investindo nos produtos “tops de linha”. Instalando câmeras por todos os lados, por todos os postos, por todos os pontos. Eles não só instalam, como operam com rapidez e agilidade. Talvez algum ser brilhante percebeu que só o sistema não resolve. É preciso ter pessoas dispostas detrás das máquinas.

E para onde vão os bandidos?! Olha que ironia! Reza a lenda: quem não entende de ironia, não está pronto para a vida.

Na cidade da terra do nunca, só resta aguardar que “Peter Pan” resolva aparecer, trazendo contigo a bela Sininho para derramar seu pó de pirlimpimpim com a intenção de fazer as coisas voltarem a ser como no passado, assim, não tão distante.

Saudades dos “tempos de paz”, de descer a rua do D.A, às três da manhã, descalça, com o sapato na mão, trançando as pernas, tendo a certeza que a maior dúvida seria se, no outro dia, acordaria de ressaca. Pois hoje, se você quer sair para caminhar depois das oito da noite, a dúvida é: será que volto pra casa inteira?

– Mãos para o alto novinha! E não é pra dançar o bonde do tigrão. É um assalto mesmo! Nessas horas, é até bom ser pobre… e ter “cara de pobre”.

Bons tempos, em que se podia andar com dinheiro na mão, seja para pagar uma conta, seja para fazer uma compra, seja para gastar em lazer, ou um simples “cachorro quente da praça” sair para comer.

View Comments

  • Eu mudei de São Paulo para Santa Rita em 17/05/1976. Estranhei muito. Sai de uma cidade com alguns milhões de habitantes para uma de 16 mil.
    Algumas historias foram muito engraçadas, como quando fui comprar leite na cooperativa e o cara me perguntou onde eu iria levar o leite. Mostrei a sacola e ele achou que eu estava louco. Não imaginava que o leite não era ensacado....rs.
    Mas por outro lado, a tranquilidade, a paz, a segurança me proporcionaram uma liberdade que um garoto de 13 anos jamais conseguiria em São Paulo. Ia para os bailinhos,principalmente na casa do seu Brandão, da difusora, e podia voltar para casa depois da meia noite !!!!! Largavamos nossas bicicletas em qualquer lugar, sem corrente, sem nada. As casas ficavam abertas. Voltava para casa, atras do Inatel, de madrugada, tranquilamente. Lembrando que na epoca, la no final da Av. Flamboyant (atual Bilac Pinto) só existiam a casa de minha mãe e do Padre Ramon. Nem pavimentada era.
    Perigo?? Só de tropeçar ou escorregar no barro (o que aconteceu algumas vezes).
    Não tinha roubo, não tinha furto, muito menos assassinatos. Se não me engano, de 76 até 90, quando voltei para SP, foram 2 assassinatos e alguns furtos de toca fitas.
    Uma cidade com pouco mais de 40 mil habitantes não poderia se transformar em uma terra sem lei como aconteceu com Santa Rita. Uma pena. Um lugar que adoro e no qual tenho muitos amigos.

Recent Posts

Daltinho: o guardião dos portões e das memórias santa-ritenses

Em Santa Rita do Sapucaí, cidade onde — até pouco tempo — todo mundo se…

17 horas ago

Da chácara ao Mercado brasileiro: a velha Rota da manteiga santa-ritense

Em um exemplar preservado do jornal Correio do Sul, provavelmente datado do final da década…

17 horas ago

Museu Histórico promoverá evento musical em homenagem a Jovani Bill

No dia 9 de outubro, o coração cultural de Santa Rita do Sapucaí baterá mais…

17 horas ago

Santa Rita do Sapucaí são muitas

(Por Carlos Romero Carneiro) No poema “Os nomes”, Carlos Drummond de Andrade diz que “Minas…

2 dias ago

Das Guerras Napoleônicas ao Sul de Minas: a Saga do patriarca da família Rennó

De um ducado alemão a Santa Rita do Sapucaí, a história do médico militar que…

2 dias ago

Santa Rita do Sapucaí será contemplada com unidade da UAI

Santa Rita do Sapucaí acaba de dar mais um importante passo rumo à modernização e…

1 semana ago