Como surgiu a paixão pela música e pela interpretação?
A música surgiu pra mim muito cedo. Meu pai canta e compõe desde que eu me entendo por gente e a minha avó sempre cantarolava em casa canções de seresta e cantores do rádio como Dalva de Oliveira, Agostinho dos Santos, Nelson Gonçalves e outros. Como sempre tive um vínculo muito forte com ela, seu gosto me influenciou bastante.
E sua avó também cantou profissionalmente?
Para não dizer que a minha avó nunca cantou, fez uma única apresentação, há muitos anos, em um bar no Rio de Janeiro, durante os tempos em que ela morou lá.
E aquele ambiente familiar começou a influenciá-lo?
Quando me vi, estava em um ambiente de adultos que conversavam muito sobre música, cantavam e se divertiam. Aquilo me influenciou muito até que, aos dez anos, comecei também a cantar em casa. Eu pegava as músicas que eu gostava, colocava no tape para escutar e procurava aprender e cantar! Aquele sempre foi um costume nosso dentro de casa!
E como foi o seu primeiro contato com o público?
Foi na igreja! Eu fazia parte de um Grupo de Jovens chamado Jura e, em um almoço, eu estava sentado com o Leandro Morais, casado com a Ludmila, e comentei que tinha vontade de fazer apresentações e tocar o meu próprio repertório. O estilo dele era rock, guitarra, aço… e o meu era o violão, nylon. E nós passamos a ensaiar um repertório que montamos, durante uns três ou quatro meses. Começamos a criar nossos arranjos para músicas do Djavan, Caetano, Gil, Bethânia, Gal, Placa Luminosa e muitos sons dos anos 80! Quando percebi que estávamos prontos, disse a ele que precisávamos tocar em algum lugar. Conversando com a Thany, do Casarão, conseguimos acertar algumas noites, durante a semana. Em nossa primeira noite, havia uma mesa, com quatro pessoas. No domingo seguinte, nós voltamos, com a casa mais cheia e posso dizer que foi a noite mais desafiante da minha vida, não só por estar no início, como ter tido que competir com um jogo da Copa do Mundo! Churrascaria lotada, garçom pra lá e pra cá, televisão urrando atrás de mim com um jogo e eu fazendo uma espécie de som mecânico, só que ao vivo! Eu comentava com o Leandro: “Não enverga! Vamos lá!” Eu então comecei a selecionar os clássicos dos clássicos, sabendo que as pessoas iriam interagir e cantar junto comigo! E comecei… Algumas pessoas cantaram, quando terminei aplaudiram, até um momento em que quase consegui fazer as pessoas esquecerem do jogo pra assistirem ao show! Nisso, o Paulo Henrique, do La Fornalha percebeu que estávamos conseguindo conquistar a plateia e veio até nós! Ele chegou e disse: “Para tudo que eu preciso conversar com vocês agora!” Foi então que ele nos convidou para tocar na La Fornalha! Era uma época em que a pizzaria havia fechado e preparava a volta em grande estilo! Daquele dia em diante, passamos a tocar quinta, sexta e sábado! Era um cachê bem pequenininho, mas fomos com a cara e a coragem! Por dois anos, passei a cantar três dias por semana e teve início minha carreira como músico! Até então, me apresentava com o nome de Willian Ribeiro… foi meu pai quem criou o nome artístico, Uill Di Lucca!
Seu pai é muito respeitado no meio musical. Você lembra da vez em que decidiu ser um cantor como ele?
Eu lembro exatamente da ocasião! E foi um dos melhores shows que ele já fez! Era uma apresentação na Festa de Nossa Senhora de Fátima e o Saidera estava com sua formação original. “Só pra contrariar” estava no auge do sucesso e ele cantou muitos sucessos do grupo. Quando cantou “Depois do prazer”, o público veio abaixo, ficou magnetizado e foi ali, naquele momento, que eu deixei de ser só um filho para ser também um fã do trabalho dele! A impressão foi de que não era meu pai. Parecia outra pessoa no palco! Fiquei arrepiado e soube o que eu queria da vida!
Você chegou a dividir o palco com ele?
Era o que eu mais queria! Quando comecei a cantar em casa, eu só soltava a voz quando ele não estava, com medo do que ele poderia pensar! Eu só fui falar de música com ele quando já estava no Grupo de Jovens, cantei pela primeira vez e comecei a cantar na igreja. Ele me deu muitos toques, principalmente sobre interpretação e comecei a aprimorar meu canto!
Eu continuei com aquela ideia de podermos cantar juntos até que um dia ele me fez o convite de ser seu back vocal no Saidera! Eu sabia que meu pai era muito exigente e que só havia me chamado por já estar preparado. Depois de um tempo, ele achou que devíamos levar o meu estilo para o grupo. Eu fui dando sugestões, sugerindo novas canções e as pessoas começaram a gostar… Aquilo tudo potencializou a minha visibilidade para que o público me visse como um intérprete mais versátil.
Como foi a experiência de participar do documentário sobre a Rua Nova?
Tudo conspirou para que pudesse participar daquele projeto! Lembro que, quando a ideia foi lançada, vi uma postagem no Facebook e aquilo ficou martelando na minha cabeça… Rua Nova, o bairro em que nasci e vivi até os doze anos… Minha raiz toda é de lá! Eu sou bisneto da Angelina, conhecida no bairro como Vó Angelina, neto da Claret… então toda a minha infância foi no bairro e aquela notícia me interessou. Fiquei pensando: tomara que me chamem para alguma coisa! E fiquei com isso na cabeça.
Alguns dias depois, chega o Luketa e me convida para participar do documentário. Eles queriam fazer uma homenagem ao Aldir Blanc no final, com algumas fotos sobre o bairro e ele pensou em mim para fazer a voz! Era uma música sobre negritude e considerou que a minha voz fosse forte o bastante para fazer a interpretação à capela. Uma coisa bem crua! Eu gostei de “Rainha Negra” de imediato e escutei umas cinquenta vezes, buscando a minha maneira de interpretar. No dia seguinte, cantei para ele no celular e disse que poderíamos entrar em estúdio para gravar. O mais interessante de tudo foi que eu pensei na maneira como Maria Bethania interpretaria aquela canção e soube depois que ela também havia gravado!
E qual foi a sua reação ao ver o documentário pronto?
Quando vi o filme, chorei, mas chorei! O Buga é meu amigo de infância, faz aniversário um dia antes de mim… Eu chorei muito porque eu gosto demais do Tonico! Quando vi aquela cena dos dois, arrepiei! A cena da Dona Luzia Gervásio também me tocou bastante porque tive a honra de conhecê-la e dividir com ela uma apresentação de seresta! Então esta experiência do documentário foi surreal para mim! Apesar da minha participação ter sido simples, achei tão intensa, amplificada pelos acontecimentos do vídeo, que eu fechei os olhos e pensei: estou falando à minha raça, da minha origem, da minha negritude! Tudo isso foi passando pela minha cabeça na gravação… Quando vimos o resultado final, meu pai até falou: eles honraram o Luiz Carlos com este vídeo. Onde estiver, ficou muito contente com o que viu… uma produção que pode concorrer tranquilamente em qualquer festival!
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