(Por Ivon Luiz Pinto)
Estamos vivendo momentos críticos por causa de vários focos de incêndio ao redor da cidade e que põem em risco a nossa saúde.
Lá no início da humanidade, o homem primitivo do período neolítico conseguiu domesticar o fogo e, por meio dele, modificou os costumes e a sobrevivência por obter calor no frio e melhor qualidade de alimentação. Mas, também, ele percebeu que em certas situações o fogo podia ser violento e incontrolável, e ele, então, aprendeu a amar, temer e domesticar o fogo. O temor do fogo foi transmitido a todas as gerações, como também a forma de o domesticar. E tudo chegou a nossos dias.
Chegou também até os dias de hoje a atitude inconsciente, primitiva e diabólica de pessoas que utilizam o fogo para o mal, pois os incêndios florestais e outros tipos de queimadas podem destruir os habitats naturais resultando na perda de abrigos e alimentos. Estamos vendo isso acontecer com a morte de animais selvagens e domésticos, de aves e pássaros e, tão grave como essas mortes, a intensa fumaça e partículas de cinza que sufocam e põem em risco a vida dos habitantes. A fumaça faz o olho arder, sufoca, ataca o pulmão e deixa em crise as pessoas que têm problemas respiratórios.
Os bombeiros, brigadistas e voluntários que estão na serra para combater o incêndio são obrigados a usarem máscaras e correm riscos por causa do calor.
Tudo isso foi causado pela maldade de alguém que iniciou o fogo. Há poucas semanas houve um incêndio de grandes proporções no bairro Cachoeirinha. Incêndio que devastou plantações e pôs em perigo várias residências. O responsável foi autuado e penalizado com uma multa de cerca de dois milhões de reais. Isso basta? Claro que não. O dinheiro, por maior que seja, não ressuscita vidas queimadas e nem a flora devastada.
O ecossistema e a biodiversidade da serra foram abalados reduzindo a cobertura vegetal, diminuindo a fertilidade do solo, comprometendo a qualidade do ar e, consequentemente, a saúde humana, provocando vários tipos de doenças, principalmente respiratórias.
Nós precisamos da mata dessa serra para que possamos ter ar purificado e temperatura amena.
Toda pessoa tem dentro de si duas forças, a do Bem e a do Mal, (Eros e Thanatus) como se fossem dois animais bravos. Cabe à pessoa saber qual dos dois animais ela vai alimentar. Alguém alimentou o Mal e por isso colocou fogo na serra pondo em risco toda uma população. É por isso que pagar multa é muito pouco, tem que haver maior punição.
Pergunte à serra que está com sua terra calcinada; pergunte às aves que perderam seus filhotes nas labaredas que os queimaram; pergunte aos animais tosquiados e mortos. Pergunte à mãe que passa a noite cuidando da criança que está com dificuldade de respirar; pergunte à pessoa que precisa ir ao Pronto Socorro fazer inalação; pergunte ao proprietário que teve seus animais queimados. Qual é o dinheiro que paga o valor de uma vida? Gostaria de ver a cara de arrependimento e tristeza de quem provocou essa maldade.
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