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História não é conto de fadas

(Por Ivon Luiz Pinto)

A História desta cidade é muito jovem. Tem seu começo antes de Jenoveva da Fonseca, com Braz Fernandes Ribas. Arraial do Mosquito, do Vintém, da Boa Vista ou do Sapucaí, qual Santa Rita dominou e construiu a terra?

A História não é o único caminho para falar de seu povo, mas é a única certeza e podemos olhar em seus olhos e dizer que sabemos quem ela é. Frequentemente iniciamos a contagem a partir da doação da terra devoluta para a edificação de uma capela. Mas essa narrativa é inquieta. A documentação é falha e a tradição oral não satisfaz.

Sabemos que Braz Ribas, proprietário da sesmaria Águas Claras do Vintém, aqui residia antes da doação da terra. O padre Mariano Acioli, de Santa Catarina, atual Natércia, narra em uma carta que ele e Braz Ribas foram os fundadores da cidade: “ nas duas vezes que ali preguei, hospedei-me na casa do captm. Braz, não só por termos sido os creadores do lugar…” (Pioneiros Visionários, pág. 103). Ao morrer, o corpo de Braz Ribas foi sepultado na nave da Capela por ele erguida.

Do casal doador das terras para Santa Rita o Arquivo Público Mineiro guarda o registro de que venderam, em 1835, duas glebas de terras retiradas do montante doado para a Santa.

É necessário passar a limpo, rever e analisar os conceitos e mitos que sufocam a História da cidade.
Basta lembrar o apego ao coronelismo que ainda aparece, em muitas circunstâncias, na pele envelhecida de uma cidade que tenta se libertar. Como muitas das cidades irmãs, nós balançamos entre o antigo e o novo, entre o conservadorismo e o desejo de modernidade e, nessa disputa, perdemos as raízes da tradição e não conseguimos a aparência de modernidade. Estamos ficando descaracterizados como um Frankstein mal alinhavado.

As linhas da memória histórica alinhavadas com as da tradição não deixam esquecer que tivemos a primeira escola de eletrônica da américa latina. E aplaudimos. E cantamos em versos. Enquanto reverenciamos esse glorioso passado, nos esquecemos de sacudir a cidade para novos pioneirismos e fomos derrotados por outras terras de mente mais aberta.

Não podemos negar que fomos pioneiros em vários setores, no educacional com a implantação da ETE e do INATEL, e no social com a abolição de escravos, antes que o fizesse a Princesa Izabel, a construção de casas populares por dona Sinhá e o crédito educativo criado pela ETE. Ações da sociedade civil, de particulares, e nada da sociedade política organizada.

Nossa cidade mudou muito, cresceu e tenta ter um lugar privilegiado no desenvolvimento econômico. As esperanças não morrem e a luta é intensa, pois, a História nos conhece e sabe o que nós somos.
Tivemos inaugurada no HackTown uma praça para eventos na entrada de cidade, em frente ao Hotel Tadini. Está tudo arrumadinho, só falta a rede de esgoto e serviço de água para o conforto dos frequentadores e higiene das barracas. Temos novas perspectivas para a cidade.

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