Uma escalada jornalística na torre da matriz

Um dos lugares mais curiosos de Santa Rita do Sapucaí é a torre da igreja matriz. Quem olha com atenção sua arquitetura pode perceber a perfeição e a engenhosidade de sua construção. Nem sempre foi assim. No início, a igreja não tinha a segunda etapa da torre. Era idêntica à igreja de Santa Mariana, no Paraná. Dizem que a planta utilizada foi a mesma, já que alguns cafeicultores santarritenses tinham propriedades por lá. Não sabemos se esta história é verdadeira mas, se esses dados estiverem corretos, a construção abaixo  mostra como era a matriz quando foi erigida.

A nova torre da igreja matriz

Cyro de Luna Dias conta em sua obra “Crônica das casas demolidas” como foram os preparativos para o projeto da nova torre: “Quando o construtor David desenrolou naquela sala a planta da elegante torre da matriz e Francisco Moreira – moço ainda – disse: “é uma beleza”; deu uma sentença que transportou o desenho para o azul do céu santarritense.”

A reforma da torre

Em 1936, a igreja passou por reformas. Para trabalhar na torre, “Joãzinho construtor”, que morria de medo de altura, construiu um andaime todo fechado por tábuas. Logo surgiram as piadinhas: estariam encaixotando a igreja para enviar pra Pouso Alegre? Esse era o assunto do momento em uma cidade onde tudo virava boas histórias.
O Relógio
O Cônego José Augusto de Carvalho, conhecido como Padre Carvalhinho, também conta em seu livro “Trem de manobra” como foi a instalação do relógio da igreja: “Na festa de Santa Rita de 1940, inauguramos a grande reforma da matriz, quando benzi e pus a funcionar o Relógio Michelin & Michelini que resiste até hoje e que foi resultado do trabalho do Dr. Elpídio Costa, de saudosa memória”.
Reinaldo Adami conta que, durante a instalação do relógio, como os vizinhos pediam para que o mostrador fosse também direcionado para o lado de suas casas, tiveram que encontrar uma maneira de aplicá-lo nas 4 faces da torre.
Outra história interessante também aconteceu quando o relógio parou de funcionar devido ao desgaste natural das molas e engrenagens. Para executar a difícil tarefa foi escalado Valentin Volpato: um morador da cidade que havia trabalhado na Suíça com consertos de relógios e engrenagens. Segundo conta Reinaldo Adami, Valentino recriou as peças danificadas em sua oficina e colocou o relógio novamente para funcionar.
Não temos informação sobre a origem dos sinos. São três, ao todo. Um de grande porte, utilizado comumente nas badaladas de mudança de hora e dois menores, utilizados quando é preciso haver uma alteração no tom ou dar uma maior complexidade na produção dos sons.

 

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