Cultura

Documento revela que Papa Pio XI concedeu bênção de morte a santa-ritense

O Museu Histórico Delfim Moreira acaba de receber de Vera Lúcia de Valim Andrade um documento raro e profundamente simbólico: uma Bênção Apostólica com Indulgência Plenária “in articulo mortis” concedida pelo Papa Pio XI ao ex-prefeito Francisco de Andrade Ribeiro e sua família. O documento é ricamente ornamentado, traz a imagem oficial do pontífice e representa não apenas a fé da época, mas também os laços espirituais entre a cidade e o Vaticano.

Uma bênção para a hora da morte

Doado ao museu pela neta do ex-prefeito santa-ritense, o documento concede a Indulgência Plenária a Francisco de Andrade Ribeiro para ser aplicada no momento de sua morte — mesmo na impossibilidade de confissão ou comunhão sacramental, desde que houvesse arrependimento sincero. Esse tipo de bênção era comumente solicitado por famílias católicas influentes. No caso de Santa Rita do Sapucaí, trata-se de um testemunho da fé pessoal de uma das figuras mais relevantes da história política local.

O Papa representado: Pio XI

A imagem oficial presente no topo do documento é a do Papa Pio XI (Achille Ratti), pontífice que liderou a Igreja Católica entre 1922 e 1939. A fotografia o retrata com trajes solenes, tiara e trono papal — estilo típico da iconografia religiosa do período. O brasão pontifício e o timbre eclesiástico presentes no documento confirmam a autenticidade e a autoria da bênção durante seu papado.
Pio XI foi um papa de grande relevância histórica, conhecido por sua atuação diplomática, a assinatura do Tratado de Latrão com a Itália, e pela firme condenação às ideologias totalitárias, como o nazismo e o fascismo.

Francisco de Andrade Ribeiro

Nascido em Santa Rita do Sapucaí em 15 de julho de 1866, Francisco de Andrade Ribeiro foi duas vezes prefeito da cidade: de 1906 a 1908 e de 1913 a 1917, pelo Partido Republicano Mineiro. Sua atuação política é lembrada como uma das mais significativas do início do século XX na cidade, e agora, graças a este documento, conhecemos também uma dimensão mais pessoal de sua vida: a da religiosidade.

Francisco faleceu em 6 de julho de 1939, último ano do papado de Pio XI, morto em 10 de fevereiro de 1939. Isso indica que o documento foi solicitado com certa antecedência, talvez como preparação espiritual para seus anos finais.

Legado preservado

O documento foi entregue ao Museu Delfim Moreira em bom estado, com caligrafia decorativa e selos oficiais visíveis, incluindo assinaturas e timbre eclesiástico. Será encaminhado para restauração, catalogação e, posteriormente, integrado à exposição permanente.

Em trecho manuscrito datado de 13 de julho de 1934, consta a assinatura de Carolus Cremonesi — nome latino de Carlo Cremonesi — identificado como Archiepiscopus Nicomedieusis, título honorífico ligado à extinta arquidiocese de Nicomédia. À esquerda da assinatura, a chancela em alto-relevo traz a inscrição: Magister Sacrarum Largitionum Pont. Max., indicando o responsável pela administração das dádivas sagradas junto ao Sumo Pontífice.

É um pedaço precioso da história de Santa Rita. Ele une fé, política e memória familiar em um único objeto. Preservá-lo é guardar uma parte importante da história de nossa cidade.”, afirma Carlos Romero Carneiro, gestor do Museu Histórico Delfim Moreira.

Convite à comunidade

O Museu convida familiares e historiadores locais a colaborarem com informações, fotos ou documentos adicionais sobre Francisco de Andrade Ribeiro. Essas contribuições ajudarão a contextualizar melhor a peça e enriquecer a narrativa do período.

Localizado à praça Delfim Moreira, 42 – bairro Família Andrade, o Museu Histórico Delfim Moreira guarda mais do que objetos — preserva memórias, fé e identidade. Visite e conheça de perto esse e outros tesouros que contam a história de Santa Rita do Sapucaí e de seu povo. Cada sala é uma ponte com o passado, cada peça, um eco da nossa origem. A entrada é franca e o funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30min e das 13h às 16h30min.

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