O transporte fluvial é o mais antigo sistema. As antigas civilizações cresceram ao longo de grandes rios e deles tiravam seu sustento, sua economia e seu meio de transporte.
Houve no Sapucaí, há muito tempo, grandes canoas movidas a varejão, ou seja, impelidas por varas grandes, que transportavam mercadorias e passageiros. Por volta de 1892, surgiram os barcos a vapor. O primeiro vaporzinho a descer as águas do Sapucaí chamava-se Guapy. Com força de oito cavalos, 3,5 palmos de calado e com velocidade de dez milhas por hora, iniciou a navegação fluvial, proporcionando grandes benefícios à lavoura e ao comércio das localidades ribeirinhas
Em 1894 chegou a esta cidade a Estrada de Ferro com a inauguração da Estação Afonso Pena. Os trilhos seguiam para Pouso Alegre e para o entroncamento com a Mogiana em Sapucaí. Contudo, a região de Careaçu a Paraguassu ficou sem os benefícios dos trilhos. Para suprir essa deficiência a Viação Férrea Sapucahy implantou uma linha fluvial com dois vapores, o Júlio Brandão e o Wenceslau Braz, adquiridos nos Estados Unidos.
Partiam às quartas-feiras, do cais de Porto do Sapucaí e faziam um percurso passando por Porto Chiarini, no bairro Faisqueira em Pouso Alegre, Porto Beraldo em Santana do Sapucaí, hoje Silvianópolis, Volta Grande, atual Careaçu, Santa Clara, Santa Bárbara, Santa Maria, Paredes, no município de São Gonçalo do Sapucaí, Lagoa dos Patos e Cubatão no município de Paraguassu. Havia uma certa alternância na utilização dos vapores, pois enquanto um estava em uso o outro descansava no cais.
Octavio Miranda Gouveia conta que as viagens tinham início às quartas-feiras, do Porto Sapucaí, e levavam 12 horas até o quilometro 66, no Porto de Volta Grande. O vapor atracava em um ancoradouro de madeira, situado à sombra de uma frondosa árvore. Era ponto de pernoite, intervalo do percurso de 160 km até o porto de Cubatão, em Paraguassu.
Com a chegada da estrada de rodagem a navegação fluvial foi perdendo sua importância e suas atividades foram suspensas em 31 de julho de 1933.
Em 1919, o sr. Antonio Ribeiro dos Santos recebeu no Porto de Volta Grande dois volumes com calçados adquiridos da Grande Fábrica de Calçados Francisco Matragrano, de Pouso Alegre. A carta de expedição dizia “Tenho o prazer de enviar-lhe..(…..) dois volumes, remetidos como carga, por sua ordem para o Porto de Volta Grande.” A Carta de expedição e a Fatura são manuscritos, bico de pena, em tinta nanquim, minuciosos e de tratamento gentil.
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