(Por Carlos Romero Carneiro)
Tenho a sorte de ter carregado algumas amizades para a vida toda. Daquela molecada que se espalhava pela descida do grupão nas horas livres, muitos parceiros ainda fazem parte do meu convívio, frequentam a minha casa e se tornaram presentes no cotidiano da minha família. Um desses caras é o João Iti, que conheço desde os cinco anos e que tornou-se o respeitado João do Café Lydia, ou João dos Democráticos. Foi dele o convite para que fosse ao seu aniversário, no dia 8 de dezembro, data em que o seu time do coração faria a maior partida da sua história. Para mim, só havia um detalhe controverso naquele cenário tão festivo: eu torço para o São Paulo, time adversário do Glorioso naquela tarde de domingo. Evento que teve o capricho de acontecer justo no dia em que o João, maior apaixonado pelo clube que já conheci, comemoraria os 46 anos de vida e paixão pelo time carioca.
Mal botei os pés na sua casa, residência onde viveu Mauro Cunha Azevedo, outro fiel apaixonado pelo Botafogo, de quem João herdou a paixão pelo alvinegro, fui abordado pelo aniversariante: “Você quer a camiseta com o patrocínio do Café Lydia ou a que jogamos a Libertadores?” Escolhi a segunda opção e me vi com a camiseta de um time que havia vencido o seu último campeonato brasileiro há 29 anos e que apostaria todas as fichas contra o meu querido tricolor! O que a gente não faz pelos amigos, não é!? Naquela tarde, eu não seria o único participante da festa a vestir o manto do Botafogo. Pudim, Léo Vara, Zeca e Tatinha (doente pelo Flamengo) teriam que envergar o uniforme alvinegro, mesmo torcendo para outros clubes. E a partida estava prestes a ter início…
O Fogão montou um time de fazer inveja. Com excelente elenco, jogadas ensaiadas e muita garra, o clube tem dado gosto de ver em campo. Time que – até pouco tempo – encontrava-se em situação delicada e que chegou a cair para a segunda divisão. Sob o comando de John Textor, dono do clube, a agremiação ganhou fôlego e começaram a aparecer torcedores, como se multiplicavam aqueles bichinhos do filme Gremlins. Se, até pouco tempo, eu só sabia que torciam para o Botafogo o eterno Bá com sua família, o João Iti, Fernando Kallás e o Renato Bueno, tomei conhecimento de que o Juninho do Urso, Carlão do HackTown, minha vizinha Crezirda, Rondinelli (amigo dos tempos de ETE), a família de Eder (da Banca de Frutas e Verduras do Mercado e apoiador do Empório de Notícias desde o primeiro número) também engrossavam o coro de apaixonados pelo time de Garrincha e Nilton Santos.
Assim que começou a partida, um misto de tensão e euforia invadiu o ambiente. Enquanto Juninho xingava, João e Alex Telles gritavam como se estivessem em um estádio. Enquanto Eder, com sua esposa e filhos, cantavam hinos entoados no Engenhão, Rondi perdia a compostura, esbravejando palavrões com as 26 letras do abecedário. O Botafogo dominou o primeiro tempo, mas teve poucas chances claras contra o São Paulo. Mesmo com alguns desfalques, o time paulista controlou parte do jogo. Aos 13 minutos, Igor Jesus quase marcou, após bom cruzamento de Luiz Henrique. O Botafogo abriu o placar após Marlon Freitas roubar a bola e assistir Savarino para o gol. No segundo tempo, Luiz Henrique quase ampliou, mas William Gomes empatou para o São Paulo, após falha de Freitas. Léo Vara deu de tirar sarro e ganhou de Alessandra, esposa de João, uma toalhinha com o escudo do Vasco, embrulhada em papel presente. “Alguém mais quer?” Silêncio absoluto na antiga casa do senhor Mauro. Após o gol, eu não podia esboçar reação, mas – no fundo – torcia para que o Botafogo levasse o campeonato. Estava com o coração dividido, mas torceria para que os cariocas levassem um título entalado na garganta há décadas. Talvez tenha sido este sofrimento que fez daquela tarde tão especial. Dias antes, o alvinegro já havia vencido a Libertadores, mas precisavam de muito mais, depois de tantos anos de sofrência. Ainda faltava um bom tempo (e um gol) para terminar a cancha. A partida seguiu equilibrada até os acréscimos. Aos 46 minutos, Gregore fez o gol do título diante de 41.986 torcedores. Olhei para o lado e Éder chorava, debruçado sobre a mesa, enquanto seus familiares pulavam de alegria. Juninho fazia festa como se já estivesse no show da Ivette. Rondi gritava palavrões que, até então, ainda não tinham sido inventados. Com muito mérito, o Glorioso venceu para fechar com chave de ouro o aniversário do meu amigo e coroar a campanha impecável do clube carioca. No final, só alegria. Os torcedores, unidos por uma paixão que herdaram de pais e avós, tomaram as ruas com bandeiras, buzinas e uma alegria de dar inveja.
Parabéns, Botafogo! Parabéns, Jão Iti! (Por Carlos Romero Carneiro)
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