Em um exemplar preservado do jornal Correio do Sul, provavelmente datado do final da década de 1930, encontram-se registros preciosos sobre a pujança da indústria de laticínios em Santa Rita do Sapucaí. O destaque vai para duas fábricas que marcaram época: a Luzitânia, de propriedade do Sr. João Luiz Vilela, e a Primavera, sob a direção do Sr. Ordene Pereira Vilela.
A matéria, publicada em página inteira e com várias ilustrações das fábricas e trabalhadores, impressiona pelo nível de detalhamento técnico e entusiasmo com que os empreendimentos foram descritos. Trata-se de um importante registro do espírito empreendedor santa-ritense, nos primórdios da nossa industrialização. Um momento histórico em que a fabricação de laticínios possibilitou a geração de valor agregado ao leite produzido nas fazendas locais.
Técnica, limpeza e precisão
Instalada na chácara denominada “do Joca”, a fábrica de laticínios Luzitânia surge no texto como um modelo de organização, higiene e tecnologia. De acordo com a reportagem, toda a produção passava por rigorosa inspeção do Ministério da Agricultura e era quase integralmente destinada ao mercado carioca.
Com uma produção estimada de mil quilos anuais, a manteiga Luzitânia era apreciada por sua pureza e sabor. A matéria exalta os equipamentos modernos e o esmero técnico da produção, afirmando que a fábrica reunia “a elegância do prédio, a perfeição dos seus maquinismos e uma limpeza impecável”.
A fábrica de laticínios Primavera, localizada em ponto estratégico da cidade, também mereceu destaque especial na publicação. Comandada pelo Sr. Ordene Pereira Vilela, figura descrita como “progressista e de vistas largas”, a Primavera se consolidava como a maior exportadora de leite da região.
Segundo os dados registrados no jornal, somente no ano de 1936, Santa Rita do Sapucaí exportou 842.765 litros de leite, dos quais 328.799 litros foram transformados em manteiga na fábrica Primavera. A qualidade do produto era exaltada como “deliciosa e puríssima”, exportada para os grandes centros urbanos e valorizada pelo paladar refinado do consumidor.
Santa Rita industrial
A reportagem, além de documentar a pujança da indústria local, revela também o empreendedorismo da época. A fotografia dos trabalhadores da fábrica, o transporte da manteiga em carroças organizadas e a menção ao apoio das autoridades federais dão o tom de uma Santa Rita que se projetava para além de suas fronteiras, firmando-se como polo produtivo respeitado.
Esse raro exemplar do Correio do Sul é mais do que uma curiosidade de arquivo: é um testemunho da capacidade produtiva, da visão de futuro e da força do trabalho que moldaram a identidade de Santa Rita do Sapucaí nas primeiras décadas do século XX.
Hoje, ao revisitar tais páginas, somos convidados a reconhecer a importância desses pioneiros — cujos nomes e empreendimentos ainda ecoam na memória local — e a valorizar a história industrial e agrícola que ajudou a erguer as bases da cidade que hoje conhecemos.
Em Santa Rita do Sapucaí, cidade onde — até pouco tempo — todo mundo se…
No dia 9 de outubro, o coração cultural de Santa Rita do Sapucaí baterá mais…
(Por Carlos Romero Carneiro) No poema “Os nomes”, Carlos Drummond de Andrade diz que “Minas…
De um ducado alemão a Santa Rita do Sapucaí, a história do médico militar que…
Santa Rita do Sapucaí acaba de dar mais um importante passo rumo à modernização e…
Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, alcançou um marco importante no cenário estadual…