Colunistas

Como uma árvore seca, na beira da estrada

(Por Ivon Luiz Pinto)

Na beira da estrada, a pequena árvore estava marrom. Uma densa camada de poeira a cobria e não se via o verde de suas folhas e seu caule estava da cor de chocolate. Ela respirava com dificuldade, como quando a gente tem um travesseiro sobre o rosto. Sua respiração era asmática.

A terra estava marrom. A estrada estava marrom. As plantas estavam tristes, com suas folhas sufocadas pela poeira que as cobria, como manto de tristeza. Elas têm dificuldade para respirar. Tudo está seco e parece sem vida. A poeira é levantada pelos pneus e pelo vento vai cair nos cabelos, nas roupas e no carro. Ela penetra pelas narinas com um gosto esquisito de terra moída.

As plantas estão inquietas porque têm dificuldades para respirar. De fazer sua foto, síntese. Algumas já morreram. Esturricadas. É muito triste presenciar essa situação.

A natureza clama por chuva. Pela água que venha lavar a poeira penetrar pelo solo ressequido e a fortificar. Um dia, a chuva cairá, benfazeja e amiga, limpando e fazendo a natureza brilhar como se tivesse sido polida.

Às vezes, somos árvores empoeiradas na beira da estrada da vida. Há sujeiras que sufocam o nosso viver e angustiam. O comportamento e o passar de pessoas levantam mais poeira dolorosa. Muitas vezes, estamos contaminados por atitudes e desejos e, por isso, respiramos asmaticamente.
Como a árvore na beira da estrada, esperamos por uma chuva que lave a contaminação e que liberte o respirar.

Uma chuva que venha refrigerar o calor da estiagem afetiva e lavar os desejos desordenados. Uma chuva que seja alimento para o chão da alma e purifique as ações.

Uma chuva que liberte para o abraço com a vida, a tranquilidade e o saber, para que, do peito aliviado, surja de novo a esperança e o amor. Para que a gente viva sem medo de amar e disposto a ser amado.
Essa chuva é Deus.

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