Carta de Wenceslau Braz a Raul Soares sobre Delfim Moreira, escrita em 26 de maio de 1920. Faz 100 anos e pertence ao acervo da Fundação Getúlio Vargas. (Encontramos dificuldade em decifrar algumas partes da mensagem)
Confidencial
Raul,
Afetuosas saudações
Fui informado por um amigo que o Leopoldo de Luna pretende organizar partido em Santa Rita do Sapucahy contra a gente do Delfim e diz que conta contigo e com o Arthur. Disse ao informante que não era errada a notícia e que vocês não seriam contra Delfim e sua gente em Santa Rita, salvo se eles manifestassem oposição, coisa em que não acreditei e nem posso acreditar. Afirmei mais a este senhor, que é chefe ali, que eu estava e que ficaria com o juízo do Arthur, com o Delfim ou sem ele. Devo dizer-te que tenho estado com o Delfim, mas não tenho podido conversar sobre política ou sobre qualquer assunto de importância porque acho que é grave o seu estado de saúde. Como sabes, firmei do Arthur o convite feito para reunião de comissão em carta do dia 11 de abril. A última, bem sabemos que devia acontecer 7 de março, mas não pude ir. Estava pronta para acontecer, mas foi adiada. Acho que foi acertado. Indaguei perguntas de oposição e fui informado da negativa. Dizem somente que o chefe deles – Cel Joaquim Inácio, sogro de Delfim, não obteve resposta às cartas que escreveu a Belo Horizonte. Vai se organizar ali o diretório a que o Governo do Estado deve prestigiar. Naturalmente, a presidência caberá ao Joaquim Inácio, meu parente e amigo, que estou certo, me atenderá no momento oportuno. Até lá, se houver qualquer coisa de importante, serei o primeiro a te comunicar. Conhece-me o suficiente para saber que sigo a linha da mais perfeita lealdade. Sei que vai bem no ministério e me regozijo com isso. O governo federal está prestigiado na minha opinião, como convém aos altos interesses do país. Pelo que me toca do pessoal, só terei que reclamar o (…) de uma entrevista do presidente e creio que consta idênticos (…) relativamente à crítica feita a meu governo por não ter providenciado passes livres a (ex?) alemães ao tribunal de forças de guerra. Se o tivesse feito, bem poderia ser o pacto consistido na maior de nossas façanhas de guerra. Também não o fez a América do Norte e naturalmente foi mesmo determinante a mesma razão que tivemos. Essa apreciação do presidente, injusta ao meu ver, não obscurece o meu espírito para fazer justiça aos grandes serviços que está prestando ao país.
Wenceslau Braz
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