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Brandani, a arte e as abelhas

José Mauro Brandani Tenório é natural de Cruzeiro do Oeste, cidade conhecida como “A abelha laboriosa do Paraná” e que ostenta o inseto em seu brasão. Apesar de ter nascido em uma família de músicos, sempre foi fascinado pelas artes plásticas, ofício que o notabilizou.

Nos meados de 1995, Brandani percebeu que os artistas renomados com quem convivia, entre uma exposição e outra, escolhiam um tema específico. Um deles, pintava apenas uma espécie de pássaros, outro pintava flores, e outro apenas desenhava bois. Aquilo chamou a atenção do artista que decidiu escolher um tema para aperfeiçoar. Depois de diversas pesquisas, Brandani descobriu, na organização das abelhas, um conceito rico para se expressar. A escolha foi influenciada pela riqueza plástica, pelas cores e pela inteligência natural da espécie. Em pouco tempo, as células, a noção de família, o trabalho dedicado e a doçura do mel passaram a fazer parte do imaginário do artista.

No início, muitos de seus colegas não entenderam e chegaram a criticar o seu trabalho. Com o tempo, conceituados pintores do Paraná reconheceram o talento de Brandani, ofereceram espaço em importantes galerias do estado e surgiram convites para expor em diversos países.

Mesmo com certo reconhecimento no meio artístico, o pintor não conseguia viver das obras e conciliava a arte com outras profissões. Em uma de suas exposições, em uma galeria de renome do Paraná, Brandani foi abordado por um empresário que se apresentou como admirador e se ofereceu para patrociná-lo. Dali em diante, um simples telefonema era suficiente para que, em poucas horas, chegassem pincéis, tintas e telas. Brandani pintava até a exaustão e dormia ao lado de obras inacabadas. Quando as produções chegaram à galeria, o artista vendeu muitos quadros e passou a fazer do dom um meio de sobrevivência.

A vinda para Santa Rita aconteceu quando seus pais se aposentaram e decidiram retornar a Minas Gerais, terra onde nasceram. A identificação de Brandani com a cidade foi tamanha que decidiu mudar-se com a família.

Em uma visita de Ziraldo a Santa Rita, o escritor e cartunista comentou, em algum momento de sua palestra que gostaria de experimentar um doce caseiro de Minas. No fim da apresentação, Brandani aproximou-se de Ziraldo e o convidou a visitá-lo, já que sua mãe tinha acabado de preparar um doce de pêssego. Minutos depois, lá estava o cartunista na casa do “pintor das abelhas”. O momento mais marcante da visita foi quando Ziraldo autografou uma tela branca, para que Brandani pudesse pintar ao redor.

Hoje, ele vive em uma residência toda ornamentada com o tema que o notabilizou. Ao caminharmos em direção à Várzea, não é difícil encontrar sua casa em meio a tantas outras. Na colorida colmeia, Brandani coloca a vida a serviço da arte, em manifestações interessantes e originais.

(Carlos Romero Carneiro)

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