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Atração de empresas para Santa Rita do Sapucaí é tema de simpósio realizado no Inatel

(Por Carlos Romero Carneiro)

O que fazer para atrair novas empresas e “atores” para Santa Rita do Sapucaí? Algumas autoridades no assunto apontaram o caminho das pedras e trouxeram estatísticas sobre nossa situação atual

“Cidades não atraem empresas, atraem pessoas.”

Com esta provocação, Ronaldo Barquette — diretor de atração de investimentos na Invest Minas — comentou sobre as oportunidades para colocar Santa Rita do Sapucaí, no radar dos investidores que pretendem atuar no Brasil, nos próximos anos. As perspectivas são muito promissoras. Estamos entre os sete países com melhores condições de crescimento até 2030 e o sul de Minas engloba a região onde a maior parte dos investimentos serão realizados.

Ronaldo Barquette esteve presente em um Simpósio de Atração de Investimentos Regionais, realizado recentemente no Inatel. Ele trouxe alguns insights importantes para a aceleração da economia no município e afirmou que aplicar a “inteligência de mercado” é crucial para o desenvolvimento local. Há um conjunto de fatores que podem atrair empresas e eles apontam formas de adaptação da cidade para tornar-se atrativa para a recepção desses investimentos.

O diretor de atração de investimentos da Invest Minas também demonstrou que existem, no Brasil, 675 atividades econômicas e 1249 tipos de produtos, o que torna preciso detectar que atividades são mais promissoras e quais produtos devem ser ativados em Santa Rita do Sapucaí. Ele também explicou que uma cidade precisa estar preparada para receber as empresas e que, nesta preparação, oferecer uma boa qualidade de vida aos futuros investidores precisa estar no radar das prioridades: “Quando falamos em atração de investimentos, não nos referimos somente às condições para implantação de uma indústria, mas aos serviços que deverão ser prestados com eficiência para dar suporte à chegada destas iniciativas.”

O caminho das pedras

Barquette prosseguiu ressaltando que é necessário realizar um trabalho de “inteligência de mercado“ para que sejam detectados os pontos fortes e fracos do município. É como fazer a tarefa de casa para que, ao surgir uma oportunidade, a empresa perceba que a cidade é dotada de condições para a implantação de sua indústria, e possui uma boa qualidade de vida. “Se o objetivo da cidade é a geração de empregos, por exemplo, existe uma série de estratégias que devem ser adotadas para alavancar o setor”. Ele também frizou que a escolha de uma cidade para investir envolve acesso a novos mercados, busca de custos competitivos, acesso à mão de obra qualificada, logística e infraestrutura, segurança, ambiente político favorável, qualidade e estilo de vida e a experiência do investidor. Para Barquette, a pergunta que deve ser respondida é “o que o município precisa ter de atrativo para que as empresas queiram se instalar na cidade”.

Como a cidade pode ser mais valorizada pelos investidores?

Segundo o palestrante, é preciso ter os olhos voltados para o mercado e para a atração de investimentos. Para isso, as viagens, a participação em feiras e a realização de visitas aos investidores são tarefas fundamentais. É necessário haver uma boa comunicação e integrar profissionais com experiência de mercado. Eles precisam ter um bom poder de articulação e disponibilidade para partir em busca de investimentos. Além de suprir estas demandas, é necessário que a cidade seja atrativa aos olhos de quem virá morar aqui. Isso envolve a observação e análise dos principais indicadores econômicos e sociais. Engloba, também, o fortalecimento do comércio para que a cidade seja capaz de recepcionar, oferecer bons estabelecimentos, saúde de qualidade, boas escolas e condições dignas para a comunidade. “É preciso ter boas condições de vida. Do contrário, a empresa irá se instalar na cidade ao lado.” Neste cenário, torna-se importante resolver os problemas internos e oferecer benefícios aos investidores mais adequados às nossas necessidades.

Cenário local

Virgílio Silva – Senior Investiment Officer, na TSX, afirmou que “Santa Rita do Sapucaí é uma joia, mas pode sempre subir o nível de polimento e brilho para atrair investimentos”. Ele apontou a contratação de um serviço de “inteligência de mercado” como ferramenta essencial para fornecer estratégias que alavanquem a economia do município.

Santa Rita sob a ótica da Inteligência de mercado

Veja, a seguir, dados colhidos a partir de um estudo inicial de inteligência de mercado que apontou pontos fortes e a melhorar, para que a cidade esteja apta a receber investimentos:

— PIB local: R$ 1,94 Bi (77º lugar no ranking mineiro)
— PIB Per Capita: R$ 43,97 mil (a média mineira é de 40,10 mil)
— IDHM: 0,721 (124º posição no ranking mineiro)
— Indice Gini: 0,49 (o índice 0 é o ideal, apontando uma distribuição de renda perfeita. A média mineira é de 0,46)
— Salário mínimo médio: 2,5 (média mineira: 2,5)
— Mortes no trânsito: 4,52 (média em Minas: 14,99)
— Homicídios: 4,52 (média em Minas: 12,03)
— Indicadores de negócios: 49% dos negócios são MEI. Em Minas, 54% são MEI. (É preciso olhar com atenção esse cenário.)
— População sem coleta de lixo: 0 (em Minas, a média é de 21,7%)
— Risco de inundação: 48 (a média em Minas é de 4,6)
— Taxa de pobreza: 7,98% (a média de Minas é de 5,15%)
— População em pobreza extrema: 4,83% (em Minas a média é de 17,89%)
— População com Bolsa Família: 12,4% (em Minas a média é de 19,4%)
— População que vive na Zona Urbana: 86% (MG: 85%)
— População que vive na zona Rural: 14% (MG: 15%)
R$ 100 milhões rodando na construção civil.
O custeio agrícola está na casa de 120 milhões
— Empregos: 13,03 mil, sendo: 21,49% (produtos eletrônicos); 11,88% (produtos e materiais elétricos); 10,37% (administração pública); 8,88% (educação); 5,39% (agropecuária); 3,02% (veículos automotores); 2,85% (produtos de metal); 2,14% (construção de edifícios) e 2,09% (saúde humana).
— A complexidade econômica (que corresponde à capacidade da cidade produzir tecnologias específicas) caiu no ranking nacional de 31 (2011) para 136 (2021). Ainda assim, Santa Rita do sapucaí continua entre os 5% municípios com maior índice de complexidade econômica. Neste mesmo período, Extrema saiu da posição 67 para 15. Ao avaliar este cenário, notamos que o crescimento de Santa Rita começa a ser comprometido já que a cidade tem perdido a sua capacidade de diversificar as atividades, ampliar os negócios e diversificar os seus segmentos de atuação. “Complexidade não é sinônino de riqueza, mas um antídoto contra a pobreza. Um vetor fundamental numa agência de atração de investimentos.” — comentou Virgílio Silva.

Exportações

Em 2023, Santa Rita do Sapucaí exportou 18,4 milhões de dólares. Extrema exportou, no mesmo período, 50 milhões de dólares. Há um espaço muito grande para a cidade evoluir, mas é preciso realizar um trabalho de atração de empresas, utilizando métodos específicos. Com base nas estatísticas levantadas por um trabalho prévio de “Inteligência de Mercado”, Virgílio Silva afirmou, ainda, que Santa Rita do Sapucaí é uma cidade sob controle tendo em vista os seus indicadores, mas que possui pontos a serem trabalhados. Por estar localizada no coração produtivo do Brasil e com grandes perspectivas de crescimento, o Vale da Eletrônica precisa estar atento aos pontos em que precisa evoluir, nos próximos anos.

Perspectivas até 2030

O Brasil faz parte de um bloco econômico (E7 — formado por China, Brasil, Índia, Indonésia, Turquia, Rússia e México). Segundo o World Bank, até 2030, este grupo será maior do que o G7 (formando por EUA, Japão, Canadá, França, Alemanha, Itália e Reino Unido). Neste cenário, Santa Rita do Sapucaí está localizada na região com maior potência de crescimento, a partir da próxima década. Uma realidade em que, as cidades que irão se destacar, são aquelas que tiverem liberdade para crescer, que resolverem os seus próprios problemas, que exercerem o cooperativismo, que estiverem preparadas para os eventos climáticos previstos, que forem boas para as pessoas envelhecerem, que participarem de concorrências por recursos e que estabelecerem sinergia entre os setores de produtos e serviços e o poder público.

Novas oportunidades

Rogério Abranches — Coordenador do Programa Inatel Startups e do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação do Inatel afirmou que, além da atração de empresas, através da “Inteligência de Mercado”, é possível identificar que tipos de “atores” são mais estratégicos para o desenvolvimento do município. “Como exemplo, podemos citar a atração de fundos de investimento de capital de risco e a atração de áreas de P&D de grandes empresas globais para gerar oportunidades de negócio junto as empresas e as instituições de ensino e pesquisa. Também é possível validar se a cultura da realização de eventos de negócios pode fazer cada vez mais sentido, o que pode movimentar toda uma cadeia produtiva.” — concluiu.

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