Já dizia o grande pensador: “Há mais mistérios entre o Vintém e a Fazendinha, do que pode constatar a nossa vã filosofia.” Na sexta-feira do dia 13 de junho, parti para uma reportagem fantasmagórica, em busca da solução de um mistério que já fez muito santa-ritense sentir calafrios. Afinal, que segredos esconde o famoso “Mato Sanico”? O que aquela pequena floresta que ainda resiste à civilização e que contorna a estrada que liga a cidade ao bairro Vintém, tem para que tantas pessoas tenham receio de passar ali, até mesmo durante o dia? Em busca da solução desse enigma, procuramos os proprietários do local e nos deparamos com Tatiana Telles, bisneta do suposto assombração.
Tati nos contou que o verdadeiro nome de Sanico era Feliciano. Nos meados do século XIX, sua propriedade abrangia toda uma região após a “Fazendinha” e dava passagem ao bairro Vintém. A lenda teve início, quando foi plantado um grande talhão de café nos arredores da mata, na divisa com o bairro São Benedito. Na época, era comum o furto da produção agrícola e uma quadrilha especializada em roubar café, escondendo-o em caixões, foi desmantelada. Como os assaltantes agiam de madrugada, quem via o cortejo pensava estar diante de um fenômeno sobrenatural. A ação dos bandidos prosseguiu por um bom tempo até que resolvessem averiguar e descobriram que não havia defunto e, sim, café, dentro do caixão. Apesar do mistério ter sido revelado, foi suficiente para criar uma lenda em torno do local. Com o falecimento de Sanico, as histórias só aumentaram. Começaram a dizer que a fazenda, herdada por uma de suas irmãs, a Silencina, ficou assombrada e que o “corpo seco” do fazendeiro surgia para assustar quem passava por li. Conta-se que um caçador de passarinhos entrou no “Mato Sanico” e só saiu depois de três dias, quando foi achado com a gaiola na mão, catatônico, estado em que permaneceu até a morte. A família de Feliciano ficou contente com a história, uma vez que poucos tiveram a audácia de invadir a propriedade, depois que tais boatos se proliferaram.
Há outra lenda que ajudou a espalhar os boatos de que a mata era assombrada. Conta-se que, quando faleciam os moradores da zona rural, seus parentes e amigos os enrolavam em um lençol, levavam até a estrada que contorna o “Mato Sanico” e aguardavam que a condução chegasse da cidade para terminar o trajeto. Ao transferir o corpo para o carro funerário, o lençol era abandonado às margens da mata e causava medo nas pessoas. Mais um motivo para que a população transformasse o lugar em um portal para o inferno e ficasse longe dali. Vai saber… Como disse outro grande pensador, “Não acredito em ‘corpo seco’, mas que existe, existe…”
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