As festas juninas são um bicho em extinção em Santa Rita. Com exceção das escolas, poucas são as comemorações de início do inverno que resistiram aos embalos da modernidade. Até meados dos anos 80, eram bem comuns os ensaios de quadrilha, as comunidades que se reuniam para festejar São João e toda a expectativa em torno das atrações. Naquele tempo, as Festas Juninas mais animadas aconteciam no início da Rua da Pedra, mais precisamente na pracinha do Trailer Santa Rita. Não me esqueço do episódio em que um sujeito colocou pregos no tênis para chegar ao topo do pau de sebo e deixou todo mundo sem reação. O homem chegou de mansinho, escalou o tronco de eucalipto, agarrou a grana e saiu sem dizer nada. E tinha também as famosas Festas Juninas do Bloco dos Democráticos com uma roleta equipada com um aviãozinho amarelo na ponta. Quando ligavam o teco-teco, o bichinho levantava voo e vencia a aposta quem acertasse o local do pouso.
Outra quermesse muito aguardada acontecia no pé da Rua Nova, bem em frente à casa do Seu Pica. Todos os anos, eram distribuídos broa, quentão, doces e pipoca para a molecada. E quando a quadrilha dava voltas no quarteirão, o bairro inteiro se divertia! Até mesmo a criançada do Morro do Sabão vinha para as comemorações que deixavam a Rua Nova inteira enfeitada. No último ano em que aconteceria o festejo, estávamos em frente à casa do Tonico quando um carro desceu a Rua do Rosário e ouvimos do saxofonista que a festa acabava ali. Era o senhor Sílvio Gomes, morador muito querido da vizinhança, que partia às pressas para o hospital e não retornaria com vida. As festividades resistiram em outros cantos da cidade.
Na Escolinha de Fátima havia disputa do ovo, concurso de beleza e corrida do saco. No Sanico ou no Sinhá, eram famosas as cadeias feitas de bambu (lembro quando prenderam o Anderson Pato e ele passou a noite toda imitando gorila dentro da jaula.) As meninas do colégio ficavam encarregadas do Correio Elegante e ganhar um bilhetinho, ou ouvir mensagem no aparelho de som era o sonho dos pirralhos. Até hoje guardo um daqueles cartõezinhos de cartolina mas não me atrevo a revelar o teor.
Nos dias de hoje, não vejo tanta animação e expectativa, mas ainda acontecem umas quermesses bem legais. Soube que haverá uma Festa Junina da Cidade, que a Festa da Maçonaria não perdeu a tradição e que acontecerão as famosas Festas APAE e do Luiz Pinto. “João consolava Antônio, que caiu na bebedeira…” – jurava que ‘bebedeira’ era um imenso chafariz. Sabia de nada sobre ser “Vidaloca”, mas já dava uns goles no quentão.
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