Em uma matéria publicada no jornal “Diário de minas”, no dia 22 de maio de 1960, encontramos informações sobre a vinda da imagem de Santa Rita de Cássia para a nossa cidade. Acompanhe, a seguir, como foi que os festeiros de 1957 adquiriram a importante obra.
V Centenário da Morte de Santa Rita de Cássia
Foi, verdadeiramente, apoteótica a celebração da morte de Santa Rita de Cássia, acontecida em 1957. Toda a cidade se movimentou convocada pelos festeiros daquele ano: Dona Luzia Rennó Moreira, Dr. Nazareno Carvalho Rennó e pelo Vigário José Carneiro Pinto.
Para maior realce das solenidades e para emprestar-lhes certa originalidade, resolveram mandar vir de Cássia um “fac-simile” do corpo da Santa. Auxiliados pelos padres redentoristas, conseguiu-se em Roma a imagem de Santa Rita morta, em madeira. Veio, também, um hábito que foi colocado na urna da Santa – em Cássia – e um pedacinho de um véu usado por Santa Rita, num belo relicário.
De Roma a Santa Rita do Sapucaí
O grave problema, após conseguir as relíquias da milagrosa Santa, era a sua remessa para o Brasil. O padre Milton Fagundes, que obtivera em Roma aquelas relíquias, sabendo que estudantes da Universidade Católica de Belo Horizonte regressavam ao Brasil, teve a ideia de solicitar-lhes o obséquio de trazer a imagem. Eles aceitaram o encargo de transportar a imagem e não tiveram dificuldade nenhuma de desembaraçar a bagagem na alfândega.
E, assim, antes da Semana Santa, a cidade engalanada e festiva, recebia a venerável imagem de Santa Rita Morta. No domingo de Páscoa, entre as preces litúrgicas e solenes entonações da Aleluia, o povo reunido na Fazenda do Chalé, da tradicional e prestigiosa família Moreira, assistia à bênção solene da imagem de Santa Rita. Era a primeira missa diante da preciosa relíquia. Terminada a cerimônia que se realizou ao ar livre, organizou-se uma grande procissão luminosa rumo à Matriz. Foi um belíssimo espetáculo de fé que a muitos provocou lágrimas e profundas emoções.
Não contentes com o que viera de Roma, queriam os habitantes de Santa Rita do Sapucaí uma relíquia mais preciosa. E, assim, o Padre Fagundes, em Roma, continuava o seu trabalho para tal fim. Após dificuldades de toda a ordem, a abadessa do Convento de Cássia, ante insistência do Padre Fagundes, ofereceu-lhe uma partícula “ex ossibus” da Santa Milagrosa. Recebida pelo Padre Almeida, no Rio de Janeiro, foi colocada num relicário dourado e trazida para Santa Rita, onde recebe – diariamente – a veneração dos católicos, que confiam no poder de sua padroeira, conhecida pelo nome de “Advogada dos Impossíveis”.
Cerimonial das Ritas
A imagem de Santa Rita, trazida pela iniciativa de Dona Sinhá Moreira, numa prova marcante de seu espírito religioso teve, em Santa Rita do Sapucaí, o seguinte cerimonial:
Dia 22 de Maio de 1957, às 15 horas, aconteceu uma cerimônia diferente: o Cerimonial das Ritas.
Cerca de 800 mulheres com o nome de Rita, da cidade e de cidades vizinhas, vieram prestar uma homenagem especial à Santa Protetora. Todas de véu, com velas acesas, em procissão pela praça da Matriz, carregando a pesada urna com a imagem de Santa Rita Morta, para entregar-lhe a preciosa coroa. Terminada a procissão, uma representante das Ritas, escolhida a veneranda Dona Ritinha de Paula Cunha, foi depositar a bela coroa preciosa na fronte serena da linda imagem. Em seguida, S. Excia. Revmo. Dom Hugo Bressane de Araújo, Arcebispo de Marília, fez a consagração das Ritas, deu a bênção das rosas e, finalmente, a bênção a todos com a preciosa relíquia de Santa Rita.
Uma chuva de rosas descia, naquele momento, do alto, saudando a Santa do Milagre das Rosas, lançadas por dois aviões de Belo Horizonte, pilotados por amigos de nossa cidade. À noite, a solene Missa Pontificial por S.Excia Dom Hugo Bressane de Araújo, com a grande procissão luminosa pelas ruas, com lâmpadas especialmente feitas para aquele ato, com um escudo oferecido por cada família da cidade. Foi realizado um belíssimo sermão de encerramento por S.Excia Dom Delfim Ribeiro Guedes, Bispo de Leopoldina e foi feita a coroação da imagem da Padroeira, sendo completada toda aquela homenagem pelo V Centenário da Morte de Santa Rita de Cássia.
Por ocasião da festa, inúmeras foram as cartas de pedidos à Santa Rita que foram colocadas na urna e queimadas no dia 22 de maio. Por aqui, já são incontáveis os romeiros que vêm pedir graças e agradecer favores. Todo dia 13 tem início uma novena perpétua da Padroeira, terminando cada dia 22 com a Missa Solene Vespertina e a bênção com a relíquia de Santa Rita.
(Texto publicado no jornal Diário de Minas – 22 de maio de 1960)
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