Poderia nos contar sobre a sua experiência com antiquários?
Eu percorri muitas cidades negociando antiguidades. Estive em feiras no Rio de Janeiro (na Praça XV), negociei por muitos anos no vão do Masp, em São Paulo, e em várias outras cidades brasileiras. Naquele tempo, surgiam coisas maravilhosas! Muitas peças de prata, do século XVII, porcelanas, móveis, imagens e uma infinidade de peças difíceis de serem encontradas.
Por que estas peças não têm sido encontradas com tanta frequência?
Acredito que seja porque, hoje em dia, acontecem muitos leilões virtuais. Se você abrir estas páginas de internet, perceberá que, em uma semana, chegam a acontecer até 20 leilões! A qualidade das peças, no entanto, caiu bastante. São muito mais novidades com aparência antiga do que, propriamente, uma raridade. Existem alguns poucos leilões que trabalham com peças de época. As feiras presenciais, por sua vez, ainda existem, mas não com tanta frequência como naquela época saudosa em que apareciam peças maravilhosas e raras!
Como o senhor começou a trabalhar com antiguidades?
Foi por intermédio de um amigo que era meu cliente no banco. Naquela época, eu era gerente e tinha alguns clientes que eram donos de antiquários. E eu ficava admirado como eles podiam ganhar dinheiro com aquilo e como tinha gente que comprava aquelas peças. Com o passar do tempo, comecei a ter um pouco de conhecimento e vi que havia muitos colecionadores! Este cliente que era meu amigo sempre chegava com pequenas fortunas e cheques e me contou que aquele dinheiro era fruto de antiquário. Chegou um momento em que eu comecei a me aborrecer no banco, a diretoria estava exigindo demais de mim e acabei saindo. Eu decidi acompanhar este meu amigo a uma das feiras, ver como tudo funcionava e fui me interessando pelo assunto. Eu notei que o comércio era amplo e que os clientes pagavam, inclusive, em dólar. Comecei a trabalhar com ele e visitei feiras do Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Aquelas feiras eram uma festa! Chegava ministro, general, coronel… muita gente importante da política brasileira estava lá. O evento era promovido uma vez por mês e eles não compravam qualquer coisa. Sabiam quando uma peça era boa e se interessavam em conhecer o assunto. Em antiguidade, dificilmente você encontra duas peças iguais e eles buscavam esta exclusividade.
Qual foi a peça mais incrível que você já negociou?
Eu já tive uma peça do Fabergé, grande prateiro russo. Eu não cheguei a ter o ovo e nem o vi de perto. Para se ter contato com aquela peça, acredito que seja preciso visitar um museu em Moscou. O que eu tive foi uma colher que não permaneceu duas horas na minha mão. Eu comprei de um lado e vendi do outro. Se uma peça custava mil, vendia por mil e duzentos, tirava o meu lucro e usava o restante para comprar outra. E assim eu fui levando a vida. Tive loja em Copacabana por 24 anos, atuei 30 anos em feiras e negociei coisas muito boas, principalmente em prata.
O senhor negociava imagens raras?
Sim! Negociei muitos santos barrocos, mas jamais tive um Aleijadinho porque é quase impossível de achar. Tive obras de grandes santeiros mineiros, que eram mais bonitas e elaboradas do que as de outros estados do Brasil.
O senhor viveu algum fato inusitado nesta profissão?
Uma vez, eu atendi uma cliente em Brasília que avaliou as minhas peças e gostou muito de um tapete. Quando dei o preço, ela disse que daria uma volta e que iria pensar. Por volta das 17 horas, comecei a recolher as coisas para voltar ao Rio, quando a mulher retornou e perguntou pelo tapete. Assim que eu mostrei a peça, ela me falou: “Agora que é fim feira, não está mais barato? Daí eu tive que responder: “Minha senhora, aqui não é feira de frutas e verduras. Estou vendendo antiguidades!”
Existe um mercado consistente em Santa Rita?
As pessoas de Santa Rita não têm o hábito de comprar antiguidades para colecionar. Alguns clientes vêm em busca de móveis e peças, mas poucos são colecionadores. Recebo clientes em busca de uma mesa e quatro cadeiras para decorar a casa, mas não costumam ser pessoas em busca de raridades. Tenho uma cama em estilo Art Noveau, com mais de 100 anos, e que nunca chamou a atenção dos visitantes! Durante o HackTown, por exemplo, alguns turistas vieram até aqui e ficaram encantados com as peças! Nesta brincadeira, vendemos muita coisa porque eles conheciam a importância dos objetos. São peças raras que, muitas vezes, chegam a custar o mesmo valor de uma caneca de loja! Mas, por aqui, nem todo mundo tem o hábito de comprar um quadro ou um tapete. Nossos clientes são pessoas que tomam conhecimento através de algum amigo, entram em contato e agendam uma visita! Há centenas de peças, mas poucas pessoas da cidade conhecem!
E como entrar em contato para agendar uma visita?
Pelo celular ou WhatsApp. Meu número é 35 9 8869 9030.
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