O ouro é conhecido desde a mais remota antiguidade e provoca muito interesse por causa de sua cor, brilho e a característica de não reagir com produtos químicos, o que faz ser duradouro. A cobiça desse metal levou reis a invadirem outros reinos, comunidades serem aniquiladas, filhos atacarem os pais e sociedades irem contra Deus. A Bíblia fala que os israelitas, por falta da presença de Moisés, que estava no alto do Monte Sinai, fizeram um bezerro de ouro para ser seu deus. Influência clara do boi Apis do Egito de onde tinham partido. Cristóvão Colombo levou ao rei da Espanha um cacho de bananas feito de ouro. O Rei, entusiasmado, disse-lhe que podia pedir o que quisesse ao que Colombo respondeu dizendo: “ Pedir o quê se sou eu quem está dando…”
No Brasil ele só foi descoberto quase duzentos anos depois da chegada de Cabral o que fez com que o Rei de Portugal não tivesse interesse pela terra. Em 1693, já no final do século XVII, Antonio Rodrigues Arzão encontra ouro em Minas Gerais e, cinco anos depois, Antonio Dias de Oliveira o encontra em Ouro Preto
A cobiça do ouro, o desejo de enriquecimento rápido, trouxe bandeirantes para a região das Minas, provocando desordens administrativas e obrigando o governo a criar a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro por carta de 9 de novembro de 1709.
Em 1703, Miguel Garcia Velho, após atravessar a garganta do Embaú, seguiu pelos vales de Bocaina, afastando-se da rota já trilhada por outros exploradores, e que ia dar no Rio Verde e Baependi. Transpôs a Serra dos Marins e o planalto do Capivari, onde descobriu algumas pintas de ouro. No Córrego Alegre e nas águas do Tabuão encontrou maiores indícios do cobiçado metal e descobriu as minas de ouro do Caxambu que, tempos depois, passou a chamar-se minas de Itagyba e para aí se transferiu com sua família. Pretendia alcançar a Serra de Cubatão, mas a mina do Itagyba foi a que mais o seduziu, e onde permaneceu por mais tempo. Os indígenas davam o nome de Itagyba a uma enorme cachoeira que caía no caminho que serpenteava para o Taboão. Itagyba significa água que cai das pedras altas, ou seja, cachoeira. A água que desce do alto não escorre pelas pedras, mas bate direto na pedra grande que forma o pé da cachoeira. Entra ano e sai ano, século após século, dia e noite, sem parar, a água cavou um poço profundo na rocha dura e o pessoal o chamava de o pilão da cachoeira. Todos tinham medo de se aproximar e serem sugados pelo buraco feito na rocha e a lenda conta que esse pilão era a morada da mãe de ouro, um ser mitológico de rara beleza que exercia fascínio sobre os homens e os levava para as profundezas.
Manoel Garcia Velho era filho de Jorge Dias Velho e casado com Leonor Homem del Rey, filha de Tomé Portes del Rey, fundador de São João del Rey. Seguiu à frente de uma bandeira que fez o mesmo percurso de Jacques Félix, o Moço. A genealogia paulista registra Miguel com o título de Sargendo-Mor. Em 1723, nesse local, o Pe. João da Silva Caualo que se ocupava com mineração, relata ao governo de Tabay Bathe, atual Taubaté, a penetração bandeirante no Sapucahy. Em 1724, o governador da Capitania de São Paulo, D. Rodrigo Cezar de Menezes, nomeia Francisco de Godoy de Almeida, genro de Miguel Garcia, para recolher os impostos da quintação sobre o ouro de Itagyba. Em 1737, o Ouvidor de São João Del Rey, Cypriano José da Rocha, vem ao sul das Gerais para oficializar a fundação de Campanha e toma conhecimento de que navegando rumo às nascentes do Sapucahy chegava às minas de ouro de Itagyba. Com a instalação do Bispado de São Paulo, surgiu, em 1746, a necessidade de estabelecer os limites com a diocese de Mariana sendo utilizado o Rio Sapucahy como divisor das dioceses. O território situado na margem direita desse rio seria administrado pela Diocese de Mariana e aquele da margem oposta seria do Bispado de São Paulo.
Em 1753, o arraial de Descoberto de Itagyba, afirma Stela Mara Ribeiro Lourenço Costa, é elevado à condição de Curato passando a pertencer à Comarca Eclesiástica de Guaratinguetá e, a 08 de setembro de 1762, é elevado à condição de Freguesia com o nome de Freguesia de Nossa Senhora da Soledade de Itagyba.

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